Entenda a estratégia de “Rastreamento de Contatos”, proposta em reunião por pesquisadores da UFG

Se combinados o escalonamento e o rastreamento de contatos, a redução no número de óbitos é de 76,5%, em relação aos 18 mil apresentados no pior cenário da pandemia em Goiás.

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Dados de pesquisa da UFG
Foto: Reprodução

Além da medida adotada pelo governo estadual do fechamento alternado do comércio 14×14, pesquisadores da Universidade Federal de Goiás (UFG) apresentaram durante reunião com o governador Ronaldo Caiado (DEM), transmitida pelas redes sociais, uma estratégia extra, nomeada de “Rastreamento de contatos”. O professor Thiago Rangel, um dos idealizadores do projeto, explicou no Jornal Bandeirantes como a estratégia funciona na prática.

De acordo com o professor, a estratégia prevê rastrear e isolar possíveis contaminados da doença, antes mesmo de fazer o teste da Covid-19. “A Vigilância Sanitária, procura ativamente pessoas que tiveram contato com alguém doente antes mesmo de fazer o teste, e tenta colocar essas pessoas que são potenciais infectados em quarentena”, explicou Thiago.

Seria necessário testagem em massa?

Segundo Thiago, se o rastreamento de contatos for combinado a testagem em massa de pessoas ficaria ainda mais eficiente, porém, de acordo com ele, custa caro aos cofres públicos. “Fazer 50 mil testes por dia em Goiás, custaria bilhão por mês”, disse. “Essa testagem em massa que a gente tanto gostaria, que por exemplo foi feito na China, na Coréia, ela é economicamente inviável para nossa realidade”, completou.

Thiago revelou, porém, que a estratégia de rastreamento, não necessita de testagem em massa. Mas ressaltou que qualquer esforço governamental que aumente o número de testes irá auxiliar na condução da estratégia. “O rastreamento não é para pessoas que foram confirmadas, é para pessoas que tiveram contato com alguém confirmado”, ressaltou.

Durante apresentação do plano estratégico ao governador Ronaldo Caiado, Thiago ressaltou que só funciona se houver isolamento social, porque o número de contatos à serem rastreados seria inviável. “Uma vez que o vírus contamina uma pessoa, começa a espalhar para pessoas mais próximas, ele usa essa rede de contatos para espalhar entre núcleos,” explicou.

A proposta sugere a contratação de dois mil monitores para cobertura e monitoramento em todo estado de Goiás. De acordo com Rangel, com a contratação de dois mil monitores no estado, trabalhando oito horas por dia, sete dias por semana, seria possível monitorar 160 mil pessoas simultaneamente.

Pior cenário e combinação de estratégias

Segundo a pesquisa, se o comércio e demais áreas continuarem abrindo normalmente e o isolamento social em Goiás se manter média de 36,89%, o número de óbitos no final do mês de setembro pode chegar a 18 mil. Isso sem contar um possível colapso no sistema de saúde que ocorreria entre os dias 8 e 15 de junho, que deixa a curva de óbitos ainda mais acentuada.

Com a aplicação da estratégia de escalonamento 14×14, que elevaria a taxa de isolamento social para cerca de 55,29%, seria possível salvar 13.530 vidas em relação as 18 mil apresentadas no cenário anterior. Esse número representa 61,5% de redução no número de óbitos no total, aponta a pesquisa.

Se combinados o escalonamento e o rastreamento de contatos, que só funciona se houver aumento no isolamento social, seria possível achatar a curva de contaminação. A redução no número de óbitos, que foi de 61,5% com o escalonamento 14×14, sobe para 76,5%.

“Essa é uma medida extremamente eficiente, necessária e destaco por último que deixar como está não é moralmente aceitável”, falou Thiago, após apresentar as estratégias durante a reunião. O governador Ronaldo Caiado disse aprovar as medidas sugeridas pela pesquisa. O decreto estadual que sugere quarentena alternada de 14 dias entrou em vigor nesta terça-feira (30).


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