O advogado do padre Robson de Oliveira, Pedro Paulo de Medeiros, disse em entrevista ao Jornal Bandeirantes desta quarta-feira (26), que “todo o valor que entrou na Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe), vem de uma única fonte: doações de fiéis”. Além disso, ele afirma que o padre Robson procurou o Ministério Público para prestar depoimento, porém ainda não foi atendido.
De acordo a assessoria do MP, a “estratégia da investigação foi coletar provas antes de depoimentos”, por isso o padre Robson ainda não foi intimado para oitiva em relação a Operação Vendilhões, deflagrada na última sexta-feira (21). A operação investiga supostos desvios de doações feitas por fiéis às AFIPE’S para a construção da Basílica de Trindade/GO e custeio de outros projetos de cunho social e religiosos.
Valores investigados e bens adquiridos
O MP apura que cerca de R$ 120 milhões foram usados para finalidades fora das atividades religiosas. Entre as transações estão a compra de uma fazenda orçada em R$ 6,3 milhões e uma casa de praia na Bahia por R$ 2 milhões. Os investigadores trabalham com a hipóstase de movimentação financeira que supera a marca de R$ 1 bilhão anualmente.
Questionado sobre as compras realizadas pela Afipe, Pedro cita a aquisição de uma emissora de TV, emissoras de rádio e a construção da Basílica de Trindade, orçada a princípio em R$ 100 milhões, número que chega a R$ 1,4 bilhão atualmente. Pedro diz que todo dinheiro que entrou na Afipe por meio dos fiéis, foi usado para evangelização.
Sobre os bens, há indícios de acordo com o MP, de possíveis laranjas em transações que envolvem aquisições da Associação Filhos do Pai Eterno. Pedro argumenta que “qualquer um que negocia e vende imóveis, sabe que você passa para o nome da empresa ou pega procuração de um terceiro para poder negociar”.
De acordo com ele, “absolutamente todos os bens são da Afipe. Rádios, Imóveis, fazendas, mineração, gado, emissora de TV, tudo é da Afipe”, afirma. “Para você comprar uma rádio, colocar em seu nome, você não faz a compra direta. Precisa-se pegar a cota daquela rádio que tem a concessão, passa para o nome de uma pessoa física vinculada a Afipe e depois de um período de latência é que as cotas são passadas para a própria Afipe”, explica.
“A única fonte são sim as doações e todo dinheiro foi sim empregado na Afipe, fazendo vários negócios, para gerar cada vez mais lucro”, diz o advogado de defesa do padre Robson de Oliveira, ao Jornal Bandeirantes. “Quando for oportunizado à se explicar, e ele (padre Robson) já pediu e ninguém e oportuniza isso a ele, explicará exatamente o que aconteceu”.
“Vaticano nunca veio ao Brasil para tratar esse assunto”
O secretário de Segurança Pública, Rodney Miranda, afirmou ao Jornal Bandeirantes de terça-feira (25), que “ouviu do Vaticano, que se o Brasil todo resolvesse contribuir, não chegaria nem perto desses valores que foram movimentados”. Pedro rebateu e negou que o Vaticano tenha vindo ao Brasil para tratar essa questão.
“Isso quem diz é o secretário, o Vaticano nunca veio ao Brasil para tratar esse assunto, e isso foi confirmado com o Vaticano” afirma a defesa. “Ainda que viesse, veria e ficaria certamente maravilhado de ver como o dinheiro dos fiéis é empregado na Afipe para evangelização”, completou o advogado do padre Robson de Oliveira.
“Nunca houve apropriação, todo o dinheiro da Afipe que vem exclusivamente de fiéis é da Afipe, continua na Afipe e é aplicado em benefício da Afipe”, diz.
Próximos passos
Sobre os próximos passos, a defesa diz que estão “aguardando a oportunidade para que padre Robson seja ouvido, e estamos aguardando que o Ministério Público perceba e com a documentação que tem, faça uma auditoria, veja as movimentações financeiras da Afipe e perceba que todas elas foram feitas em benefício da própria Afipe”, completa.
Confiraa entrevista completa com o advogado de defesa do padre Robson de Oliveira, Pedro Paulo de Medeiros:
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