Violência contra a mulher é a perna coxa do Estado no assunto segurança

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Imagem: asiandelight iStock

O Cevam – Centro de Valorização da Mulher – tem 38 anos de existência, mais do que muitos políticos tem de carreira e outros de idade.

Pioneiro no acolhimento da mulher vítima de violência doméstica e abusos sexuais, o local sempre trabalhou no limite de sua capacidade. Eram setenta acolhidas, diminuiu esse número para 50 e hoje cuida de 23 mulheres e adolescentes.

A diminuição cada vez maior no número de atendidas tem uma explicação bem simples: falta de recursos.

A história do Cevam se confunde com o histórico de luta de mulheres pioneiras, como de Consuelo Nasser e Linda Monteiro, que fundaram o local em Goiás e de tantas outras Brasil afora.

A violência contra a mulher, todo o tipo de violência, é a perna coxa que o Estado arrasta quando o assunto é segurança.

O processo de acolhimento, orientação, apoio e encaminhamento que o Cevam faz com essas vítimas, de forma praticamente franciscana, é a muleta que ajuda esse coxo a caminhar.

Quanta ironia pensar que Goiás não tem seu próprio Cevam, não falou e não fala em construir e ainda não ajuda o que já está aí.

O Estado deve, desde o governador Marconi Perillo, passando por José Eliton e agora por Ronaldo Caiado, R$ 800 mil de um convênio que foi assinado com a entidade em 2017.

Com cerca de 45 mil a 50 mil reais mensais o local voltaria a atender em sua capacidade máxima.

Ou seja, R$ 600 mil ano e possivelmente teríamos menos casos, ou menos reincidência de casos de violência física e sexual em muitos lares goianos.

Quem sabe não sairíamos desta colocação horrorosa de segundo pior estado para uma mulher viver.

Ao contrário das vítimas de violência que não podem mostrar seus rostos, o governador, primeira dama, secretários e demais ajudantes precisam sim dar a cara para bater. 

Mulheres vítimas de violência precisam de uma mão estendida, e não de mais um golpe.

Se o governador soubesse que todo coxo tem uma muleta como amiga, não jogaria essa fora.

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Rosane Kotoski comenta todos os dias no Jornal Primeira Hora, às 6h30