Com colaboração de Bruno Daniel
O Vila entrou na pauta do TJD por ter tocado a música “Mocinhas da Cidade” no sistema de som do Onésio Brasileiro Alvarenga, o procurador do TJD Victor Naves informou as Feras do Esporte que o tribunal entende que as músicas incitam a violência e esse julgamento poderá se tornar uma “jurisprudência’ em Goiás a respeito das músicas provocativas, ou seja, se tornar uma espécie de “julgamento modelo” para os próximos casos iguais, seja criando uma orientação que sugira a proibição de músicas desse tipo, ou as liberando, a depender do resultado deste julgamento condenar ou não o Vila Nova pelo ato.
O julgamento, que estava marcado pra essa quinta (29), foi redesignado para a próxima segunda-feira (03), por conta de conflito de datas dos membros da auditoria.
Mas será que isso realmente prejudica o futebol? Ou é apenas uma forma de alimentar a rivalidade sadia entre os clubes? O diretor das Feras do Esporte, Bruno Daniel, destrinchou o assunto com os principais dirigentes goianos em entrevistas com presidentes e integrantes do departamento jurídico.
Dragão
Marcos Egídio, do departamento jurídico do Atlético, é favor das músicas serem tocadas caso elas não afetem a moral do adversário. “O próprio ambiente do clube é provocativo, no Atlético mesmo nós temos cores fortes e um dragão na parede. O Goiás quando vai ao Accioly forra as mesas com toalha verde porque as mesas são vermelhas”, exemplifica.
Adson Batista, presidente rubro-negro, também é a favor. “Estádio não é igreja, é um local para as pessoas se divertirem, curtir o ambiente, para mim isso não é problema nenhum”. Corrobora com essa opinião o diretor jurídico do Atlético, dr. Paulo Henrique Pinheiro: “São muitas autorais, proibir é uma forma de censura, sou totalmente contra proibir”.
Tigrão
Pelos lados do Vila Nova, a opinião é a mesma, a favor da execução das músicas como forma de criar um ambiente para seu torcedor. O presidente colorado, Hugo Jorge Bravo acredita que “isso faz parte da provocação da sadia”. Maurílio Teixeira também entende como uma “simples brincadeira”, e lembra que o Vila Nova não apresentou notícia de infração em desfavor do Goiás quando o clube esmeraldino tocou “Choram as Rosas”, na Serrinha.
Segue a mesma linha de pensamento o diretor de comunicação do Vila, Romário Policarpo: “Sou a favor da liberdade ao clubes e liberdade de expressão nos estádios. Futebol é alegria, daqui a pouco não vai poder nem xingar”, declara.
Verdão
No Goiás Esporte Clube, por sua vez, o diretor jurídico João Vicente, se diz contra usar músicas como provocação. ”Sou totalmente contra, a questão não é prejudicar o futebol, a sociedade atual em que vivemos não tolera mais esse tipo de ato, 15,20 anos atrás certas brincadeiras e músicas eram engraçadas, hoje não se escuta mais. Não se pode aceitar que dentro dos estádios se tenha a sensação de que pode tudo.
O presidente do clube, Paulo Rogério Pinheiro, também acredita que é um ato desnecessário e que incita ódio e violência. “Sempre irei para o lado oposto a qualquer coisa que possa gerar violência”. Edminho Pinheiro também foi consultado e corroborou com a opinião dos demais parceiros de clube: “Músicas provocativas no sistema de som do estádio, sou absolutamente contra, isso não faz o menor sentido”, finaliza.
Xingamentos homofóbicos
Abordando o outro problema relatado na súmula, que teria sido proferimento de dizeres homofóbicos dirigidos ao atleta Miguel Figueira, do Goiás, o doutor Frederico Valtuille (embora não seja a favor do politicamente correto) enviou pra nossa equipe uma nota de recomendação do STJD a respeito de homofobia, além de uma publicação de uma informação de multa ao SPFC de 30 mil reais por conta da realização deste tipo de ato e a orientação do STF para que seja relatado em súmula qualquer ato discriminatório.
Em seu entendimento, em resumo, as provocações não atrapalham do futebol, mas ofendem e prejudicam a honra da vítima, por isso devem ser evitadas.
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