Pesquisadora brasileira da OMS explica etapas de produção da vacina contra a Covid-19

De acordo com Cristiana Toscano, as etapas de produção não podem ser puladas. A finalização dos testes acontece no final deste ano.

0
504
Pesquisadora da OMS sendo entrevistada no Jornal Bandeirantes para falar sobre os testes da vacina contra a Covid-19
Em suma, na melhor das hipóteses, Cristiana explica que a aplicação da vacina seria algo para o primeiro trimestre de 2021. Foto: Reprodução / Rádio Bandeirantes Goiânia)

Atualmente, três vacinas para a Covid-19 estão em estágio avançado e apresentam resultados positivos. A vacina da Universidade de Oxford, licenciada pela AstraZeneca; a chinesa CanSino e a americana produzida pela Moderna Therapeutics. A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) negociou um acordo com a AstraZeneca para a compra de lotes e transferência de tecnologia, o que permite a produção da vacina no Brasil.

O acordo está estimado em R$ 700 milhões, e prevê a entrega de 30 milhões de doses até janeiro de 2021. Entretanto, para que a vacina contra a Covid-19 comece a imunizar a população brasileira, ela deve passar por etapas de teste, comprovação de eficácia, produção e registro.

“Agora estão sendo iniciados os estudos clínicos, que estão avaliando adultos saudáveis, voluntários em vários locais aqui no Brasil”, explica Cristiana Toscano, brasileira e única representante da America Latina que faz parte da equipe de pesquisa da Organização Mundial da Saúde (OMS).

“Esses estudos levam em geral cinco à seis meses para serem completados. Ao final desses estudos, teremos resultados contundentes e confirmatórios no número grande de participantes sobre a eficácia e segurança desta vacina”. Ainda de acordo com Cristiana, que também integra o quadro de pesquisadores da Universidade Federal de Goiás, as vacinas precisam ser devidamente registradas no país.

Processo de registro e produção

“Depois disso tem o processo de registro e autorização pelas instituições regulatórias, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aqui no Brasil por exemplo, o que leva o ‘tempinho’ também”, diz. “Tem todo o processo de produção em ampla escala da vacina, disponibilidade, distribuição e utilização no programa de imunização”, completa a pesquisadora.

Em suma, na melhor das hipóteses, Cristiana explica que a aplicação da vacina seria algo para o primeiro trimestre de 2021. De acordo com ela, os estudos continuam pois precisam avaliar a duração da proteção conferida por anticorpos e células de defesa que levam tempo. “Ela (vacina) precisa ser avaliada ao longo do tempo, para saber se isso permanece e se a proteção é contínua ao longo de vários meses, em geral isso leva um ano”.

Perigos em pular as etapas da vacina para Covid-19

Segundo Cristiana, a expectativa é de que a vacina já possa ser usada após a finalização dessa primeira etapa no final do ano, assim que fora registrada no país. Entretanto, pular as etapas de produção devido a pressa, pode atrapalhar no desempenho do antídoto.

“O problema da pressa é se essas etapas forem puladas de maneira preocupante, sem os estudos necessários e sem o número necessários de participantes. Isso não está sendo feito, todas as etapas vão ser cumpridas”, exclamou Cristiana.

Veja o trecho da entrevista com a Profa. Dra. Cristiana Toscano ao Jornal Bandeirantes:


Leia mais: Vice-governador diz que investimentos em leitos de UTI está evitando colapso na saúde