Atualmente, três vacinas para a Covid-19 estão em estágio avançado e apresentam resultados positivos. A vacina da Universidade de Oxford, licenciada pela AstraZeneca; a chinesa CanSino e a americana produzida pela Moderna Therapeutics. A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) negociou um acordo com a AstraZeneca para a compra de lotes e transferência de tecnologia, o que permite a produção da vacina no Brasil.
O acordo está estimado em R$ 700 milhões, e prevê a entrega de 30 milhões de doses até janeiro de 2021. Entretanto, para que a vacina contra a Covid-19 comece a imunizar a população brasileira, ela deve passar por etapas de teste, comprovação de eficácia, produção e registro.
“Agora estão sendo iniciados os estudos clínicos, que estão avaliando adultos saudáveis, voluntários em vários locais aqui no Brasil”, explica Cristiana Toscano, brasileira e única representante da America Latina que faz parte da equipe de pesquisa da Organização Mundial da Saúde (OMS).
“Esses estudos levam em geral cinco à seis meses para serem completados. Ao final desses estudos, teremos resultados contundentes e confirmatórios no número grande de participantes sobre a eficácia e segurança desta vacina”. Ainda de acordo com Cristiana, que também integra o quadro de pesquisadores da Universidade Federal de Goiás, as vacinas precisam ser devidamente registradas no país.
Processo de registro e produção
“Depois disso tem o processo de registro e autorização pelas instituições regulatórias, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aqui no Brasil por exemplo, o que leva o ‘tempinho’ também”, diz. “Tem todo o processo de produção em ampla escala da vacina, disponibilidade, distribuição e utilização no programa de imunização”, completa a pesquisadora.
Em suma, na melhor das hipóteses, Cristiana explica que a aplicação da vacina seria algo para o primeiro trimestre de 2021. De acordo com ela, os estudos continuam pois precisam avaliar a duração da proteção conferida por anticorpos e células de defesa que levam tempo. “Ela (vacina) precisa ser avaliada ao longo do tempo, para saber se isso permanece e se a proteção é contínua ao longo de vários meses, em geral isso leva um ano”.
Perigos em pular as etapas da vacina para Covid-19
Segundo Cristiana, a expectativa é de que a vacina já possa ser usada após a finalização dessa primeira etapa no final do ano, assim que fora registrada no país. Entretanto, pular as etapas de produção devido a pressa, pode atrapalhar no desempenho do antídoto.
“O problema da pressa é se essas etapas forem puladas de maneira preocupante, sem os estudos necessários e sem o número necessários de participantes. Isso não está sendo feito, todas as etapas vão ser cumpridas”, exclamou Cristiana.
Veja o trecho da entrevista com a Profa. Dra. Cristiana Toscano ao Jornal Bandeirantes:
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