Aparecida de Goiânia se prepara para virar mais uma página de sua história. Após iniciar o processo de industrialização na década de 1990 e deixar para trás o estigma de “cidade-dormitório”, o município consolidou sua identidade própria, fortaleceu sua economia e alcançou independência financeira.
Em poucas décadas, a cidade da Região Metropolitana de Goiânia deu um salto de importância, com crescimento acelerado que trouxe também desafios típicos do desenvolvimento urbano desordenado. Em cada nova página da sua evolução, enfrenta desafios complexos.
Emancipada apenas em 1963, Aparecida de Goiânia hoje abriga mais de 573 mil habitantes, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O número coloca a cidade como a maior do Centro-Oeste fora das capitais.
Crescimento econômico e desafios urbanos
Localizada em um dos eixos logísticos mais importantes do Brasil, Aparecida de Goiânia iniciou seu processo de industrialização de forma natural, já que o território limitado não favorece a atividade agrícola. Atualmente, o município conta com sete polos industriais em operação e um em construção, o que atraiu milhares de migrantes em busca de oportunidades. Cada novo processo é uma nova página na história da cidade.
O avanço econômico é expressivo. O Produto Interno Bruto (PIB) saltou de R$ 5,8 milhões para R$ 16,9 milhões nos últimos 12 anos — um crescimento de 192%, conforme o IBGE. Em 15 anos, o número de empresas ativas passou de 6,4 mil (em 2008) para 108 mil (em 2024).
Por outro lado, o ritmo acelerado de expansão populacional e econômica impôs desafios ao poder público, que nem sempre conseguiu acompanhar o crescimento. A cidade enfrenta problemas como congestionamentos, falta de mobilidade, escassez de áreas verdes, enchentes, insegurança, ilhas de calor e o distanciamento entre a população e os equipamentos públicos — dificuldades comuns em grandes centros urbanos que cresceram rapidamente. Cada problema resolvido vira uma página de aprendizado.
Novo Urbanismo: devolver as cidades às pessoas
Nesse contexto, Aparecida de Goiânia vai receber, no dia 12 de novembro, a apresentação do conceito de Novo Urbanismo durante um evento no Anfiteatro do município.
A empresa CINQ Inteligência Urbana vai detalhar a proposta e apresentar o projeto “Cidade do Amanhã”, criado pelo arquiteto gaúcho Guilherme Takeda. Ele também fará uma palestra para explicar os princípios do Novo Urbanismo e sua aplicação na realidade local.
Leia Mais: MPGO denuncia grupo por fraude em licitação de testes de Covid-19 em Formosa; prejuízo chega a R$ 700 mil
Siga o nosso Instagram, se inscreva no YouTube e também nos acompanhe no TikTok
Um novo modelo de cidade
O Novo Urbanismo nasceu nos anos 1980 como uma reação ao urbanismo modernista, que priorizou o automóvel e afastou as pessoas das ruas. O conceito propõe bairros policêntricos, caminháveis, sustentáveis e com senso de pertencimento, onde moradia, trabalho, comércio e lazer coexistem em um mesmo território.
“O Novo Urbanismo é uma resposta ao esgotamento do modelo urbano vigente. É uma visão que recoloca o ser humano no centro do planejamento e busca reconstruir a relação entre cidade, comunidade e natureza”, explica Eduardo Oliveira, engenheiro civil e sócio da CINQ Inteligência Urbana.
As declarações foram dadas em entrevista ao programa Manhã Bandeirantes, da Rádio Bandeirantes Goiânia.
Durante a conversa, Eduardo explicou como essa visão pioneira será implementada em Aparecida de Goiânia:
“Nós estamos em Aparecida há 10 anos, desenvolvendo empreendimentos imobiliários e levando condomínios Parqville. Na região Leste, temos o Parqville Pinheiros, e na região Central, o Parqville Jacarandá”, destacou.
Segundo ele, o cenário urbano da cidade passou por uma grande mudança nos últimos anos, abrindo espaço para o conceito do Novo Urbanismo.
“A partir de 2018, a cidade recebeu grandes investimentos em infraestrutura, o que trouxe uma mobilidade muito maior e conectou Goiânia a Aparecida. Deixamos de ser uma cidade-dormitório, e hoje Aparecida tem aproximadamente 600 mil habitantes. É a segunda maior cidade do Estado”, complementou. Com cada novo projeto, a cidade vira uma página rumo ao futuro.
Cidade do Amanhã: urbanismo humano e sustentável
O Cidade do Amanhã materializa esses princípios. Com 310 hectares de área total, sendo 80 hectares previstos para a primeira etapa, o projeto propõe uma cidade viva, com ruas pensadas para pessoas, calçadas amplas e acessíveis, praças sombreadas, fachadas ativas e mobilidade a pé ou de bicicleta. O plano também prevê pisos permeáveis para mitigar problemas de drenagem urbana.
“No Novo Urbanismo, as pessoas são mais importantes do que os carros. A ênfase é que todas as implantações favoreçam que elas se apropriem de todos os espaços. Moradia, estudo, trabalho e lazer coexistem próximos, permitindo que sejam acessados sem precisar de automóvel”, afirma Eduardo Oliveira. Para ele, cada avanço pode ser visto como virar uma página na história urbana.
Naturbanidade: cidade e natureza em harmonia
Outro ponto essencial é a presença da natureza como eixo estruturante do projeto — conceito que a CINQ chama de Naturbanidade.
“Entendemos que natureza, urbano e comunidade podem coexistir em harmonia. A natureza é parte do projeto, não apenas um adorno. Ela contribui para a saúde física e mental dos moradores, reduz ilhas de calor e melhora a qualidade de vida”, conclui o engenheiro.


