De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), que é considerado uma prévia da inflação oficial do país, registrou 0,57% em abril.
Esse valor representa uma desaceleração em relação ao mês de março, quando o índice havia sido de 0,69%. No acumulado do ano, o IPCA-15 é de 2,59%. No mesmo período do ano passado, em abril de 2022, o índice havia sido de 1,73%.
Com esses resultados, o IPCA-15 acumulou um aumento de 4,16% nos últimos 12 meses. Esse é o primeiro momento em que o indicador fica abaixo de 5% desde fevereiro de 2021. Essa redução também é significativa em relação aos 5,36% registrados no mês anterior.
Os números ficaram um pouco abaixo das expectativas de mercado. Em pesquisa da Reuters eram esperadas altas de 0,61% no mês e de 4,20% em 12 meses.
Em abril, o resultado anual entrou no intervalo das metas de inflação do país. A meta é de 3,25%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. O índice é um dos parâmetros usados pelo Banco Central (BC) para definir a Selic, a taxa básica de juros do país.
Mas a expectativa de economistas é de uma retomada da inflação no segundo semestre. Segundo o boletim Focus desta semana, a estimativa de inflação em 2023 está em 6,04%, acima do teto da meta.
Todos os nove grupos pesquisados pelo IBGE tiveram alta no mês, com maior variação vinda do grupo de Transportes (1,44%). O resultado ainda é consequência do aumento nos preços da gasolina (3,47%), depois da reoneração dos impostos federais em cima do combustível que vem desde março.
Veja abaixo a variação dos grupos em abril:
- Alimentação e bebidas: 0,04%
- Habitação: 0,48%
- Artigos de residência: 0,07%
- Vestuário: 0,39%
- Transportes: 1,44%
- Saúde e cuidados pessoais: 1,04%
- Despesas pessoais: 0,28%
- Educação: 0,11%
- Comunicação: 0,06%
Preço de combustíveis
A gasolina continua em destaque nos resultados de inflação em função da reoneração dos combustíveis determinada pelo governo federal no fim de fevereiro. Os impostos federais haviam sido retirados da cobrança pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para derrubar a inflação em ano eleitoral.
O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chegou a renovar a desoneração por dois meses no início do mandato, mas reinseriu parcialmente os impostos a partir do dia 1º de março. Desde então, a gasolina passou a ter incidência de R$ 0,47 por litro. O etanol foi reonerado em R$ 0,02 por litro.
Em abril, a alta da gasolina foi de 3,47%. Houve, portanto, desaceleração na comparação com março, em que o aumento do combustível foi de 5,76%. Ainda assim, foi o subitem com o maior impacto individual no IPCA-15 de abril (0,17 p.p.).
O etanol também colheu alta com a reoneração e subiu 1,10% no mês, em cima de uma outra alta de 1,96% em março. O grupo combustíveis subiu 2,84% em abril porque contou com quedas do diesel (-2,73%), que continua com a desoneração federal vigente, e do gás veicular (-2,17%).
Houve surpresa entre as passagens aéreas: alta de 11,96%, vinda de queda em março de 5,32%.
Desaceleração em curso
Segundo o IBGE, a desaceleração do índice neste mês está ligada à redução de preços em três grupos: Alimentação e bebidas (que sai de 0,20% em março para 0,04% em abril), Comunicação (de 0,75% para 0,06%) e Habitação (de 0,81% para 0,48%).
Em Alimentação e bebidas, o destaque foi a alimentação em domicílio, que teve queda de 0,15%, junto com alguns grupos de alimentos. O principal foi a batata inglesa, que recuou 7,31% no mês. A alimentação fora de casa também desacelerou de 0,68% em março para 0,55% em abril.
Entre os choques que evitaram um resultado ainda melhor, o grupo de Saúde e cuidados pessoais (1,04%) teve pressão dos produtos farmacêuticos (1,86%), após a autorização do reajuste de até 5,60% no preço dos medicamentos, a partir de 31 de março.
“Os itens de higiene pessoal tiveram desaceleração de 2,36% em março para 0,35% no IPCA-15 de abril, influenciados, principalmente, pelos perfumes (-1,99%). Além disso, o item plano de saúde (1,20%) segue incorporando as frações mensais dos reajustes dos planos novos e antigos para o ciclo de 2022 a 2023”, diz o IBGE.
Por fim, o grupo Habitação (0,48%) ainda sofre pressões da energia elétrica residencial, que teve alta de 0,84% em abril, e também do aluguel residencial (0,53%), que havia registrado alta de 0,15% em março.
Leia mais: Escolas do Futuro de Goiás realizam Momento das Profissões com estudantes