Por: Juliano Moreira
Várias personalidades estiveram presentes no velório do narrador Edson Rodrigues, que morreu na manhã desta quinta-feira (26). Dentre elas, estava Sérgio Rassi, ex-presidente do Goiás, e que era um amigo e médico do “Monstro Sagrado”.
Ao falar da morte do amigo, que carinhosamente o chamava de “anjo da guarda”, Sérgio Rassi afirmou que este é um dia muito triste, pois o Brasil se despede de uma pessoa querida e que tinha o carinho unânime entre todas as torcidas do futebol goiano.
“É um dia muito triste. É uma perda de uma pessoa tão querida, que tinha unanimidade de bem querência entre todas as torcidas. Em toda a minha vida, eu jamais vi, ao longo da minha convivência com o Edson, ele falar mal de uma única pessoa. Só saíam palavras boas da boca dele. Uma pessoa que marcou época no futebol goiano”, disse Sérgio Rassi.
O ex-dirigente relembrou um momento delicado envolvendo Edson Rodrigues. Enquanto narrava um jogo do Atlético Goianiense, há alguns meses atrás, o “Monstro Sagrado” teve um mal súbito e procurou o médico, que lhe deu todo suporte necessário. De acordo com Rassi, o narrador precisou desobstruir duas artérias, que estavam com lesões importantes.
“Meses antes, em um jogo do Atlético Goianiense, lá no Antônio Accioly, ele teve um mal súbito e nos procurou. Naquela ocasião, ele ia ter um infarto fulminante. Mas, graças a Deus, ele conseguiu se recuperar e deu tempo de chegar ao hospital, fazer os exames e detectar duas lesões importantes em duas coronárias. As duas artérias foram desobstruídas em dois tempos diferentes. E ficamos radiantes com o resultado. E eu ainda brincava com ele, dizendo que ele poderia exercer o papel que tanto amava por mais uns 20 ou 30 anos, pois estava com o coração em excelentes condições”, contou Rassi.
Na sequência, Sérgio Rassi falou a respeito do estado mais recente de Edson Rodrigues. Segundo o médico, o locutor começou a ter icterícia, que é um tipo de amarelamento da pele, e precisou ser encaminhado a um gastroenterologista. Por conta de um estágio avançado de câncer no pâncreas, ele não conseguiu reverter o quadro inicial, que acabou piorando bastante.
De repente, meses depois, ele começa com uma icterícia, que é um amarelamento da pele, e me manda uma foto. Eu me assustei muito quando vi essa foto. Eu disse a ele que precisava encaminhá-lo a um serviço de gastroenterologia ou um serviço de cirurgia geral. Ele me procurou e foi para um outro hospital, onde tinha um colega. E, infelizmente, não deu certo. A lesão que ele tinha de câncer na cabeça do pâncreas era muito grave e não foi possível a desobstrução. Com isso, o quadro digestivo dele piorou bastante. Na segunda-feira (23), visitei o Edson em sua casa, já que a dona Leila (esposa do Edson Rodrigues) e o Edson Júnior me pediram para dar um pulo lá. Eu fui com o maior prazer. E me assustei com o que vi. Ele estava em um estado semi-caquético, extremamente magro e ainda mais amarelado do que na foto que ele havia me mandado duas semanas antes. Isso tudo foi muito rápido. Lamentamos extremamente a perda dele. Que Deus o tenha no melhor lugar”, revelou Sérgio Rassi.
Por fim, Rassi lembra das inúmeras consultas de Edson Rodrigues em seu consultório. De acordo com o médico, o tempo da consulta, em si, durava entre 15 e 20 minutos. O restante servia para que ambos falassem da vida e do futebol.
“Nós fazíamos a consulta, que durava uns 15 ou 20 minutos. E, até completar uma hora, nós ficávamos falando de coisas da vida, do cotidiano. Ele tinha uma visão muito bonita da vida. E o que ele mais preservava eram os verdadeiros amigos. Se deixassem, nós ficávamos falando disso por horas e horas. E lembrando de bons momentos do futebol. Como ele sabia que eu sou torcedor do Goiás, ele sempre tocava neste assunto. E eu me lembro bem de um jogo em que o Jailton Santos fez um gol e o Edson narrou esse gol de uma maneira tão lúdica e maravilhosa, que eu, enquanto menino, gravei isso. E eu ficava ouvindo a narração deste gol. Eu acho que todos nós, torcedores apaixonados, temos uma história parecida com essa minha. Ele foi um grande artista, uma pessoa que adquiriu grandes amigos. O legado dele jamais será esquecido”, finalizou Rassi.