Faixa estendida e estudos de viabilidade técnica para liberação dos novos canais são aguardados pelas nove emissoras AM do Estado há seis anos
Silvânia Lima
A finalização dos processos de migração das rádios de Amplitude Modulada (AM) para o espectro de Frequência Modular (FM) é “uma questão de sobrevivência para as emissoras”. A afirmação é do bispo David Augusto, da Rádio Aliança, em reunião das emissoras AM goianas com o presidente da Agência Nacional de Telecomunicações, Leonardo Euler de Morais, na última terça-feira, 21, na sede do órgão, em Brasília. Representantes de seis das nove emissoras do Estado que aguardam autorização para operar em FM participaram da reunião. Além de tomar conhecimento sobre o processo de migração de seus canais, os radialistas relataram as dificuldades enfrentadas pelas emissoras, pediram agilidade e cobraram prazos ao presidente da Anatel.
De acordo Leonardo de Morais, os próximos passos do processo de revisão da regulamentação e de faixa estendida, de número 5350006673/2017, são: consulta pública, entre junho e julho, e estudo técnico de viabilização/canalização pela Anatel e pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, até o final de 2019, aproximadamente. Segundo ele, há uma comissão acompanhando esse processo e o desligamento da onda AM poderá ocorrer até 2023. Outros órgãos ligados à radiodifusão, como a Associação Brasileira de Emissoras de Radio e Televisão (Abert), acompanham o processo de migração das emissoras AM.
A ação de migração das rádios que operam na faixa AM para a faixa FM foi oficializada em 7 de novembro de 2013, por meio de decreto assinado pela presidente da República Dilma Rousseff. O objetivo é fortalecer as emissoras de rádio que estariam sendo prejudicadas por interferências na faixa AM, inviabilizando a sintonia dessas estações. Quanto maior o centro, mais difícil a captação. No espectro FM essas emissoras terão uma sintonia mais fácil e uma qualidade de áudio superior.
Dos cerca de 1.800 pedidos de solicitação de migração em todo o país, cerca de 1.200 para foram efetivados, porque possuíam faixas FM disponíveis em suas localidades. Grande parte dos demais, geralmente situados nos grandes centros, deverá operar em outro dial ou faixa estendida, que está sendo criada, entre as freqüências 76.1 MHz e 87.5 MHz (hoje as emissoras de rádio em FM utilizam canais entre 87.7 MHz até 107.9 FM) e aguardam seus canais para começar a operar em FM. Como Goiás não possui um espectro FM tão congestionado, só depende da faixa estendida para a migração das suas emissoras AM. Outros canais, na região da fronteira do Mercosul, exigem avaliações técnicas mais complexas.
Faixa estendida
A faixa estendida, porém, apresenta problemas. O primeiro é a inexistência dessa faixa na maioria dos receptores que hoje são utilizados pelos ouvintes e que estão disponíveis no mercado. O segundo problema é a liberação desses canais, um dos motivos da reunião de ontem na Anatel. Os dirigentes questionaram a demora da liberação das faixas FM uma vez que os dois canais desligados da TV analógica já estão abertos para as rádios.
De acordo com o técnico da Anatel, Paulo Cardoso, “é possível liberar 12 megahertz (MHz) de canais a mais, nessa faixa estendida que passaria de 20 MHz para 32 MHz, utilizando os antigos canais 5 e 6 de TV analógica, o que permitirá que sejam alocados mais 60 canais para radiodifusão sonora em FM, passando de 100 para 160 canais em todo o país”. Ele informa que, nesse sentido, cumprem etapa de alteração dos regulamentos técnicos.
“Com as regras de hoje passaríamos de 33 canais viáveis para 50. Com as alterações, considerando a revisão nas relações de proteção, poderíamos chegar a até 70 canais viáveis”, informou Cardoso. Mas, enfatiza que “é necessário analisar caso a caso, as estações estiverem próximas poderá haver intermodulação, assim tudo será analisado: instalações, coordenadas, distâncias entre as estações etc”. Paulo Cardoso afirmou que com as alterações, é certo que os canais serão ampliados, mas os limites serão marcados pelos estudos técnicos.
Quanto aos receptores, Paulo Cardoso, lembra que pelo celular é possível usar algumas faixas, uma questão de atualização de software. “Nos receptores portáteis automotivos, alguns fabricantes já estão colocando no mercado carros com toda essa faixa de 76 MHz a 108 MHz; para os receptores de mesa vai levar um tempo maior para isso ser feito, mas será o tempo que vamos levar para autorizar as emissoras nessa nova canalização, vai ser o tempo de substituição natural dos receptores.”
O anseio pelas novas faixas é por maior alcance e mais qualidade de transmissão “queremos cobrir a região Metropolitana de Goiânia”, disse o bispo David Augusto. As emissoras representadas na reunião com a Anatel foram Rádio Aliança, Rádio Anhanguera, Rádio Bandeirantes, Rádio Difusora, Rádio Sagres e Rádio Universitária da UFG. Também presentes na reunião, estiveram o prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha, e o Deputado Federal Daniel Vilela, ambos do MDB, que intermediaram a audiência com o presidente da Anatel.