O Brasil se manteve em 2021 como o país que mais mata pessoas transgêneras em todo o mundo, uma liderança mantida desde que o ranking começou a ser formulado em 2008. Só no último ano, foram 140 assassinatos de travestis e transexuais mapeados pelo dossiê da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), divulgado nesta sexta-feira, 28, véspera do Dia do Orgulho Trans. Mas esse total esbarra em subnotificação dos casos, falta de uma coordenação a nível federal do levantamento e desrespeito à identidade de gênero das vítimas, suscetíveis a sofrerem uma “segunda morte” nos registros de óbito.
Apesar de os 140 homicídios localizados pela Antra representarem queda em relação ao ano anterior, ainda estão acima da média total desde 2008, segundo a qual 123,8 travestis e transexuais são mortas anualmente no Brasil.
A maioria das vítimas segue o mesmo padrão de anos anteriores: é preta (81%), de identidade feminina (96%), foi atacada em espaços públicos (77,5%) e tem até 35 anos (81%), expectativa de vida média dessa população no País. “De forma alguma a violência transfóbica diminuiu. Ainda está acima da média, que já é um índice altíssimo em comparação com outros países do ranking mundial”, diz Bruna Benevides, articuladora política da Antra e autora do dossiê.