A saída repentina do técnico Hemerson Maria à frente do Tigrão pegou todo mundo de surpresa. O fato se deu na noite desta última segunda-feira (23), após um pedido de desligamento feito pelo próprio treinador. Foram apenas 3 jogos comandando o Vila Nova neste seu retorno, sem contabilizar vitórias: 2 derrotas e 1 empate. Confira a explicação e a forte entrevista do ex-treinador do Vila Nova:
“Na verdade não é um bom dia. É um dos dias mais tristes da minha vida esportiva como treinador. A atitude que eu tive foi em prol do Vila Nova, para preservar o clube e não atrapalhar o processo do clube no decorrer do campeonato”.
“Sou treinador profissional desde os 23 anos. Minha carreira foi construída com muito sacrifício e muita luta. Nessa caminhada toda, o grupo de atletas sempre caminhou ao meu lado, essa empatia entre comissão e atletas é fundamental para o trabalho. O que infelizmente não encontrei aqui foi esse respaldo dos jogadores. Sem bláblábá, o grupo de jogadores do Vila Nova não comprou minha ideia”.
“Os jogadores ficaram incomodados com a minha atitude quando estávamos perdendo por 2×0 para o Botafogo. Mas eu tinha que ter uma atitude forte, precisávamos reagir na partida. Após o jogo, fiz outra cobrança forte aos atletas para fazê-los entender que o Vila oferece toda qualidade de trabalho, premiação muito boa, salários em dia”.
“Como comandante eu preciso extrair dos atletas o máximo possível, seja fisicamente, tecnicamente ou mentalmente. Infelizmente eu não tive uma resposta, uma reação dos jogadores. Ontem (23) na reapresentação fiz uma nova reunião para tentar obter essa resposta deles e não fui feliz. Para minha surpresa, quando comecei a fazer uns apontamentos, vieram manifestações contrárias dos jogadores”.
“Começaram a me dizer que não era bem assim, que o grupo era vencedor, que chegaram na final do Goiano, que haviam ido longe na Copa do Brasil… eu retruquei, falando que o passado ficara para trás, que temos que olhar para o presente e o futuro. Tenho passado aqui também, mas precisamos construir o presente. Estranhei muito essa reação, porque sempre fiz cobranças fortes, cheguei a discutir com alguns jogadores, mas depois nos abraçamos em busca dos objetivos do clube”.
“O grupo não acatou bem essa cobrança. Mas, depois houve uma reação muito impactante, algo que eu não havia presenciado em toda a minha carreira. Um atleta veio e me disse que o grupo é contra o meu método de trabalho. Questionaram minhas palestras, a duração dos meus treinamentos, questionaram o sistema e, inclusive, reclamaram da programação de treinamento e até o meu tom de voz. É uma coisa que eu nunca vi no futebol, isso me decepcionou muito”.
“O vestiário e o comando é meu, nunca vou abrir mão disso. Não pode acontecer a inversão de jogadores decidirem quando vão treinar, como vão treinar ou jogar. Realmente é uma coisa muito triste de se ver no futebol. Eu queria mostrar a eles que podíamos mais, temos como produzir e entregar mais para o Vila Nova, tanto eu como eles, mas não foi bem assim que eles encararam”.
“Percebi que para continuar com eles e tentar conseguir os objetivos do clube, eu teria que mudar minha maneira de ser e trabalhar, e isso não existe. Eu acredito no trabalho duro, no suor, na dedicação. Ficou claro que eles não compraram minha ideia, talvez não tenham noção da importância do que é vestir a camisa do Vila Nova. Então tomei essa dura decisão para que a diretoria agora tome as devidas providências. Peço desculpas ao torcedor do Vila Nova, eles me conhecem, eu tinha muita vontade de ajudar o Vila, agradeço o presidente Hugo, bem quisto por todos”.
“Em relação ao grupo de jogadores, não vou ser hipócrita, não vou agredecer nada não. Acho que não estão valorizando a camisa que estão vestindo e a oportunidade que estão tendo na carreira. Fica meu adeus, nos encontramos no mundo do futebol”.