Na manhã deste domingo (29), o atual prefeito de Goiânia, Iris Rezende (MDB), compareceu ao Colégio Marista para votar, durante o segundo turno das eleições municipais. Após a votação, o emedebista foi abordado por jornalistas e concedeu entrevista à imprensa goianiense, em que respondeu aos questionamentos sobre alguns assuntos e se esquivou de outros.
Iris disse ter sugerido a transferência das eleições municipais para outra data, devido ao cenário da pandemia da Covid-19, porém alega não ter sido ouvido. “Quando surgiu o vírus, eu chamei um grupo de parlamentares federais, dois ou três e sugeri que eles apresentassem uma emenda constitucional transferindo as eleições municipais deste ano para as eleições com governadores, deputados e senadores. E disse mais, como fazer uma eleição se você não pode nem pegar na mão do eleitor? Mas não ouviram a minha sugestão. Acho até que eles estavam pensando que eu estava buscando uma prorrogação de mandato. Mas a verdade é que o bom senso não prevaleceu no mundo político. Não seria possível eleger prefeitos e vereadores em um momento como esse em que as pessoas não podem nem chegar próximo umas das outras. Mas, pelo dever cívico, o povo está votando, naturalmente vai eleger aqueles que estão à altura de suas funções e vamos aplaudi-los após a eleição”. A fala foi motivada em virtude do estado de saúde do candidato a prefeito de Goiânia, Maguito Vilela (MDB), que segue internado na UTI do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo.
Questionado sobre em quem teria votado e para qual candidato destinaria seu apoio, o atual prefeito adotou um tom mais ríspido na resposta. “Em primeiro lugar, eu não sou uma pessoa de ficar conversando fiado não. Há muito tempo, eu me declarei encerrando a minha carreira política e disse que no dia 31 de dezembro, encerraria a minha carreira na administração pública. Eu não sou homem de uma, duas ou três posições, não. É essa! Então, depois de uma afirmação como a minha, você não tem o direito de perguntar se eu votei, se não votei ou para quem votei. É uma posição pessoal minha”, afirmou aos jornalistas.
Em relação às pesquisas que apontam favoritismo de Maguito Vilela nas eleições deste domingo, Iris Rezende saiu pela tangente. “Uma coisa eu aprendi ao longo da minha vida, sobretudo na vida pública: respeitar as decisões. Então não cabe discussão. Se o Maguito se dispôs a continuar como candidato é porque ele está se sentindo apto para desempenhar as funções. São questões que fujo delas”, desconversou.
Iris aproveitou o momento para falar sobre as ações de seu governo e do afeto que tem por Goiânia. “A prefeitura estava com meses de atraso, a cidade arrasada. Eu me candidatei para consertar a prefeitura. Estou entregando a prefeitura no próximo dia 31 enxutinha, sem dívidas, sem quaisquer problemas. A cidade organizada, os bairros felizes, as praças reformadas. Entrego a prefeitura encerrando a minha carreira com a consciência tranquila do dever cumprido com esta cidade. Eu tenho por Goiânia um afeto muito profundo. Esta cidade me fez politicamente. Cheguei aqui com 15 anos, vindo da roça. Oito anos depois, esta cidade me elegeu o vereador mais votado de sua história. Quatro anos depois, deputado, três anos depois, prefeito. Essa cidade me mostrou a Goiás e ao Brasil. Se não fosse Goiânia, eu não teria sido ministro de Estado e não teria ocupado outras funções porque Goiânia é que me deu oportunidade de mostrar a minha competência, o meu espírito público, a minha responsabilidade à frente da administração”, ressaltou.
O político apontou preocupações que devem pautar a nova administração. “Conservar as nossas praças, nossas vias públicas. Não descuidar da área da saúde e da educação, porque Goiânia é uma cidade que cresce muito. Então são duas áreas que a administração pública municipal precisa estar atenta. Tendo isso e as ruas limpas, as praças conservadas, nós sempre vamos exibir Goiânia como uma das cidades mais bonitas e mais cuidadas do Brasil”, apontou o experiente prefeito.
Iris foi questionado se o MDB, seu partido, poderia continuar contando com sua experiência e conselhos. Novamente, ele adotou um tom mais duro para reafirmar seu posicionamento de deixar a vida pública. “Convoquei toda a imprensa, lideranças classistas e políticas e anunciei que estava encerrando a minha carreira política. Não sou homem de duas conversas não. Encerrei, encerrei!”, enfatizou.
Projetos futuros
Iris Rezende disse o que pretende fazer após deixar a prefeitura de Goiânia e a política. “Eu saí da roça com 15 anos. Quando o regime militar cassou o meu mandato, eu fui advogar. Me reuni com dois ex-desembargadores também aposentados e foi o momento em que eu passei a ganhar dinheiro. Eu não ganhava. Logo, o primeiro dinheiro que eu ganhei, eu comprei terras, lembrando da minha ligação com a terra. Comprei terras em Britânia e no Mato Grosso, onde era muito barato. Não existia nada, a BR-158 não existia. Eu comprei uma boa área de terra lá, de forma que eu me tornei produtor rural. Esse ano eu colhi mais de 300 mil sacas de soja, 3 mil hectares. Eu sou lavourista. Eu vou cuidar de lavoura, de pecuária, vou ficar aqui no meu escritório recebendo meus amigos e vocês, que sempre foram muito carinhosos comigo”, afirmou.
O político se mostrou orgulhoso sobre tudo o que fez em suas administrações. “Muito pouca coisa em Goiânia não foi feita por mim. A cidade foi construída por Pedro Ludovico. Quantos bairros Goiânia tem? Qual o bairro não foi asfaltado por mim? Qual a escola municipal que não foi construída por mim? Eu saio agradecendo a Deus e ao povo, que nunca fugiu dos meus mutirões. Eu sou um homem extremamente realizado”, declarou.
Ao comentar sobre a corrupção na política brasileira, Iris Rezende fez um paralelo com sua trajetória. “Desde as primeiras funções assumidas na vida pública, eu posso dizer que fui exemplar em tudo”. O prefeito relembrou a homenagem que recebeu do Exército Brasileiro ao completar 60 anos de vida pública e ressaltou que a organização responsável pela defesa do país é extremamente criteriosa ao escolher seus homenageados.
Iris encerrou a entrevista de forma mais amena e disse se sentir amado pelos goianienses. “Eu me sinto estimado, amado por essa população, até por vocês. Os jornalistas são sempre muito criteriosos e exigentes, mas o comportamento da imprensa comigo é excepcional”, finalizou.
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