Um estudo realizado no País de Gales indica que a vacina contra herpes-zóster pode estar associada à redução do risco de desenvolvimento de demência em pessoas idosas. A pesquisa, divulgada nesta semana, acompanhou cerca de 280 mil participantes ao longo de sete anos.
De acordo com os dados, idosos vacinados apresentaram 20% menos probabilidade de desenvolver demência em comparação àqueles que não receberam a imunização. O estudo destaca que o programa de vacinação implantado na região permitiu o acompanhamento prolongado dos participantes, favorecendo a análise dos efeitos ao longo do tempo.
O levantamento foi conduzido por pesquisadores da Universidade de Stanford e publicado na revista Nature. Os resultados também apontaram que o possível efeito protetor da vacina foi mais significativo entre mulheres do que entre homens. Para os autores, os dados reforçam a hipótese de uma relação entre infecções virais e o desenvolvimento de demência, além da possibilidade de que a vacinação possa retardar a progressão da doença em pessoas com maior risco.
As doenças neurodegenerativas
A geriatra e presidente da Comissão de Inovação em Doença de Alzheimer e Demências da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), Claudia Suemoto, avalia que os resultados são relevantes, embora o estudo não tenha sido controlado. Segundo ela, os pesquisadores agora buscam avançar para ensaios clínicos com grupo placebo, o que pode fornecer evidências mais robustas.
A especialista explica que há hipóteses de que doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer, estejam associadas a processos inflamatórios. Nesse contexto, infecções virais poderiam desencadear ou acelerar inflamações no cérebro, contribuindo para a progressão dessas doenças. Ela ressalta, no entanto, que estudos controlados e randomizados ainda precisam confirmar essa relação.
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O que é herpes-zóster
O herpes-zóster é uma doença infecciosa causada pelo vírus varicela-zoster, o mesmo responsável pela catapora. Após a infecção inicial, o vírus pode permanecer inativo no organismo por anos e ser reativado, principalmente em pessoas idosas ou com imunidade comprometida.
A doença se manifesta inicialmente com vermelhidão na pele, seguida pelo surgimento de bolhas dolorosas, que podem formar crostas. A transmissão ocorre por contato direto com as lesões, especialmente em pessoas sem imunidade ao vírus.
Entre os principais sintomas estão dores nos nervos, formigamento, sensação de ardor ou coceira no local afetado, além de febre, dor de cabeça e mal-estar.


