O novo decreto anunciado pelo governador Ronaldo Caiado (DEM), na manhã desta segunda-feira (29), seguirá as determinações da pesquisa realizada pela UFG desde o mês de março. O trabalho idealizado pelos pesquisadores Prof. Dr. Thiago Rangel, Prof. Dr. José Alexandre Diniz e Prof. Dra. Cristiana Toscano, aponta projeções sobre a situação epidemiológica no estado, analisando possíveis cenários futuros.
O decreto anunciado por Caiado segue as mesmas determinações de outro decreto publicado em Goiás, no dia 13 de março de 2020. O decreto de número 9.633/2020 estabelece que apenas atividades consideradas essenciais continuem funcionando normalmente no estado. Entre elas, farmácias, postos de combustível e supermercados.
“Eu não posso aceitar que haja omissão de qualquer uma das autoridades que não seja uma ação dura e firme às consequências que poderão vir. Temos que trabalhar em sistema de mutirão, com todas as nossas forças convergindo para um único objetivo: não atingirmos esse número de óbitos projetados”, disse o governador durante vídeo-conferência.
Projeções: Cenário vermelho
Segundo a pesquisa, no cenário vermelho, a situação se mantém como está, com a reabertura do comércio e isolamento social em torno de 36%. Caso isso aconteça, o número de mortes causadas pela Covid-19 em Goiás pode chegar a 18 mil. Ainda de acordo com a pesquisa, caso continue no cenário vermelho, o sistema de saúde entrará em colapso entre os dias 8 e 15 de julho.
A pesquisa aponta que se o sistema estadual de saúde de fato entrar em colapso por volta do dia 12 de julho, não disponibilizando mais UTIs e respiradores para pacientes em estado grave, o número de óbitos é incalculável no momento. “Deixar como está não aceitável, é imoral. Vamos ter que tomar uma reação”, disse o pesquisador Thiago Rangel. “Deixar como está não é uma opção”, completou.
Cenário Verde
No cenário verde, se um isolamento mais rígido por três meses fosse o caminho a ser trilhado, as projeções sobre a quantidade de mortos por Covid-19 cairiam de 18 mil para 4 mil óbitos até setembro, salvando uma quantia de 13.530 pessoas. Entretanto, esse modelo também tem consequências negativas, como a baixa adesão da população, um grande impacto socioeconômico e o agravamento das desigualdades sociais. Por isso, a alternativa recomendada é a quarentena de 14 dias, acrescida do rastreamento de contatos.
Leitos de UTI não serão suficientes
O secretário estadual da Saúde, Ismael Alexandrino, defendeu a adoção de medidas que prezem pelo equilíbrio e que traduzam uma realidade que possa ser alcançada. Ele destacou que se o Governo de Goiás não tivesse aumentado o número de leitos de UTI públicos – próprios ou conveniados – como fez, e sem a implantação da regionalização da Saúde, o sistema hospitalar teria entrado em colapso há dois meses.
Alexandrino ainda lembrou que as decisões devem ser tomadas, levando-se em conta que o Estado não consegue disponibilizar os 2 mil leitos de UTI necessários para o final de agosto, conforme apontado pelo estudo da UFG. Com tudo o que tem sido implementado pelo Governo de Goiás, o Estado chegará a 600, dobrando a quantidade do que existia no início de 2019. “Vamos também emitir uma nota técnica cancelando a realização de cirurgias eletivas no sistema privado; na saúde pública, elas já estavam suspensas”, informou.