O Diretor de Transportes da RedeMob Consórcio e Porta-voz da Federação das Empresas de Transportes Rodoviários do Sul e Centro-Oeste do Brasil (Fetrasul), Cézane Siqueira, falou ao Jornal Bandeirantes desta segunda-feira (28) que, por conta da crise causada pela pandemia da Covid-19, as empresas do setor estão “respirando por aparelhos”. O diretor diz que espera mais “carinho” dos novos governantes com o transporte em 2021.
Estima-se que até o final deste ano, a diferença entre receita e despesa vai chegar a R$ 75 milhões só na operação. Segundo a Redemob Consórcio e o Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo da Região Metropolitana de Goiânia (SET), a demanda diária antes da covid-19 era de 521.888 passageiros. Dados atualizados no último dia 17 de dezembro indicam que a demanda caiu pela metade (261.118).
Cézane ressalta que 2020 foi um ano “catastrófico” para o transporte público coletivo. De acordo com ele, a queda de demanda de passageiros foi histórica e esse declínio já vem ocorrendo a mais de cinco anos. “A falta de competitividade do transporte público diante, principalmente, do grande número de aplicativos e outros fatores, como a falta de investimento, agrava muito o cenário”, diz o diretor.
A expectativa do presidente da Redemob para 2021 é uma valorização maior por parte do poder público. Apesar disto, Cézane Siqueira diz que não está esperançoso. “O problema se agravou muito nos últimos meses, o cenário é incerto, as empresas estão respirando por aparelhos e a qualquer momento o serviço pode entrar em colapso”, sublinha. “A gente não vê nenhuma movimentação do sentido de discutir soluções para o negócio”, completa.
“Várias questões acabaram interferindo diretamente no negócio. Falta de pagamento dos profissionais, paramos o serviço durante o último sábado e domingo, não dá mais para o poder público ficar se escondendo atrás dos problemas e transferir a responsabilidade para as empresas”, exclamou.
O que esperar em 2021?
Questionado sobre o que esperar dos próximos mandatários em 2021, Cézane argumenta que algumas cidades reelegeram prefeitos e o problema já é conhecido. “A expectativa é de que os novos governantes tenham um olhar mais carinhoso para o serviço do transporte público coletivo. Estamos esperando, mas o problema é que não temos tempo para esperar. A situação é gravíssima”, pontua.
“As empresas até agora vem fazendo um esforço gigantesco para manter o serviço. Ao contrário de outras capitais, Goiânia está na contramão”. O diretor cita outras capitais, como Curitiba, Belo Horizonte e São Paulo, onde segundo ele, houveram investimentos no transporte. “Aqui, a gente tentou um plano emergencial que foi judicializado, somente o estado cumpriu seu compromisso que foi de 16%. Os municípios até agora não assumiram o que foi acordado”, critica.
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