A Delegacia de Investigação de Crimes de Trânsito (Dict), especializada da Polícia Civil de Goiás, divulgou trechos do primeiro depoimento do motorista Edmar Carlos da Mota, de 31 anos, que conduzia o ônibus que caiu em uma ribanceira as margens do KM 508 da BR-153, em Aparecida de Goiânia. O acidente matou seis pessoas e deixou mais de 40 feridos, na última sexta-feira (24).
Edmar, com curativos e sentado em uma maca do Hospital Estadual de Aparecida de Goiânia Caio Louzada (HEAPA), contou aos policiais que não viu sinalização anterior ao local do acidente. Segundo ele, quando se deu conta estava muito próximo dos cones e com um caminhão vindo na direção contrária, pela pista de desvio do lado esquerdo, sentido norte/sul.
“Como já tinha uns 15 dias que eu não passava por aqui não sabia que a pista estava interditada, que duplicou ela com mão de duplo sentido. Tirou a pista dupla e jogou o desvio todo no sentido norte. A última vez que passei não estava desta forma”, relatou.
Edmar conta que seguia viagem no sentido norte pela faixa da esquerda. “Do nada, na hora que vi, só senti o tumulto de cones, caminhão parado, obras e não vi sinalização para trás, onde veio a colidir. Eu acredito, pelo pouco que ouvi falar, que a carreta estava vindo no sentido sul, atravessando para o sentido norte. Porém, não vi sinalização.
“Não vi sinalização”
“Pela experiência que tenho na estrada, todo um KM atrás, existe uma sinalização informando que virar pista de mão dupla e vai ter cones. Um tempo todo antes preparando para aquele desvio ali. Joguei para direita para poder tirar onde tinha opção de sair”, contou ao policiais.
Edmar também relatou que não viu carro da concessionária Triunfo Concebra, que administra a rodovia. Em nota, a empresa disse que o ônibus não respeitou a sinalização e, no km 508, sentido a Brasília, invadiu a divisão entre as pistas da rodovia que está funcionando em sentido de mão dupla, bateu na lateral de uma viatura da concessionária e de frente contra uma carreta.
Ainda de acordo com Edmar, iniciou a viagem em Uberlândia (MG), passou por Araguari (MG) e fez paradas em Caldas Novas (GO), Piracanjuba (GO) e pegou a BR-153. Edmar diz não se lembrar de ter colidido com um veículo da concessionária que estava parado no local. A suspeita é de que o carro da empresa estava com a sinalização luminosa desligada.
Freios
Nos vídeos divulgados pela Polícia Civil, não é citado o áudio enviado por Edmar em um grupo da empresa, em que ele relata um suposto problema nos freios do ônibus. No áudio, o motorista diz que “o carro está com problema de freio, freando só de um lado. Então, a gente está indo mais no sapatinho aí para evitar transtornos maiores”, diz.
Apesar de não ser perguntado, nos vídeos, sobre esse áudio, os policiais o questionam sobre seu número de celular. O motorista confirma o mesmo número que aparece nos vídeos em que o áudio é reproduzido.
A empresa de ônibus Real Expresso diz, em nota, que todos os veículos da empresa, inclusive o que se envolveu no acidente, passam por um rigoroso programa de inspeção e manutenção antes de todas as viagens. “O veículo envolvido no acidente não apresentou nenhum problema mecânico ou técnico, e já havia percorrido mais de mil quilômetros desde São Paulo, sem apresentar qualquer problema”, disse a empresa em nota.
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